segunda-feira, 1 de setembro de 2008

A Infidelidade Ideológica

“Lula está conosco!”
Essa é a frase mais usada pelos candidatos a prefeito nessas eleições 2008. O antes descriminado, taxado de comunista, insano, por quase todos, hoje é o mártir usado de exemplo nos discursos dos candidatos da maioria das alianças de diversos partidos. Mas não pense que esse ato é por pura admiração e satisfação de todos. Lula é um “bolo” do qual ninguém quer ficar sem tirar o seu pedaço.
Mas do que o presidente do PT, Lula é o presidente do povão na cabeça dos brasileiros, e isso faz com que os candidatos de diversos partidos, até mesmo alguns historicamente de direita, se sintam a vontade para citá-lo nas suas campanhas. A popularidade do presidente é tão grande que ninguém quer ficar sem tirar a sua “casquinha”.
Disso todo mundo já sabe, mas minha intenção nesse texto é falar de como a política brasileira tem se tornado tão cínica.
Apesar de seu governo ter se tornado bem diversificado (partidamente falando), ele continua sendo do PT, ainda com muitas idéias antes criticadas, mas é popular, e ninguém quer perder essa boquinha, vale tudo pelo poder, eles não têm a mínima vergonha de tais apoios interesseiros.
Eu por exemplo sou de esquerda, mas não é por isso que quero todo mundo com tendência à esquerda, por que sei que isso não existe. É mais fácil a esquerda se “endireitar” do que a direita se “esquerdar”, por isso sou tão contra a tais alianças. Se as ideologias não batem, por que se aliar? Os militantes estão se esquecendo dos principais motivos pelos quais seus partidos foram criados, e só querem saber dos seus interesses pessoais.
Hoje em dia está difícil saber o que é esquerda, o que é direita, e isso é ruim. Ruim porque política é uma coisa de identificação, de ideais. As doutrinas estão sendo esquecidas e ignoradas. Não se pode mais tomar como base partidos políticos pelo nome. É comunista se aliando com neo liberalistas, inimigos históricos (ideologicamente falando) virando parceiros. Os partidos estão tomando o PMDB como exemplo, “onde tiver como eu tirar o meu estou dentro, não importa com eu tenha que aliar”. Cadê a coerência?
Muitos são a favor da lei de fidelidade partidária, inclusive eu, mas a cada dia fica mais difícil acabar com essa bagunça (infidelidade partidária), pois alem da infidelidade por ser descarado mesmo, há aqueles que saem por infidelidade ideológica do partido, pois ninguém é obrigado a ser incoerente.
Onde isso vai parar? As instituições partidárias perderam a força? Individualidades é quem mandam agora? Que mudança um partido de esquerda fará no poder se ele terá que governar junto a partidos com ideais totalmente contrários?
Novas tendências como essas só fazem desanimar pessoas que sonham com governos coerentes, com governos de mudanças radicais, com governos independentes. É certo que alianças são precisas, faz parte da arte da política, mas sem exageros, sem mancharem a história ou a luta de quem lutou por uma idéia e sonhou por partido afirmado, decidido, e convicto em todo grupo que leve seu nome.
Não dá pra achar normal PCdoB/PSDB, PT/PSDB, ou PT/DEM. Não a infidelidade ideológica! Sim a coerência partidária!